Falta quase um mês para o meu aniversário e resolvi me dar um presente. Desta vez não é uma viagem para a praia, nem um carro novo. Resolvi investir e contratar uma pessoa para me ajudar no processo de autoimagem. Afinal, quem sou, para onde vou e o que eu quero que as pessoas pensem de mim?

Lembrando que a nossa comunicação não-verbal representa mais de 50% da percepção que o mundo tem sobre nós, o que inclui o vestuário. Quantas oportunidades perdemos (e às vezes sem saber) por passar uma imagem diferente daquela que realmente desejamos.

A primeira parte da consultoria envolve um questionário onde falamos um pouco sobre nós, a rotina, qual ambiente trabalhamos, profissão e as prioridades. Fizemos o trabalho na tarde de sábado com o resultado em mãos: sou tradicional e esportiva (valorizo conforto e discrição – 70%) e elegante/romântica (30%).

Diante disso, a consultora “Lize” (uma querida) me perguntou se não seria mais adequado, neste novo ciclo, investir em um guarda-roupa mais sofisticado (mais que tradicional e esportivo). Ela explicou que seria perfeitamente possível a partir das peças que eu já possuía, bastava ajustar combinações, acessórios e sapatos.

Sou esportiva à medida que priorizo o conforto, não trabalharia com um sapato de salto que me impedisse de correr para tirar uma foto ou fugir de um ladrão (risos). Meu lado tradicional é forte devido ao histórico familiar de não querer chamar a atenção pelo corpo e sim pela inteligência e competência.

Antes de ir para o “detox” do guarda-roupa, fizemos um teste de coloração pessoal na frente do espelho, para saber qual paleta de cores combina melhor com o meu tom de pele que é “fria-verão”, como da Kate Middleton – Duquesa de Cambridge, tom comum entre mulheres com cabelos mais claros ou ruivas.

Após conversar sobre qual imagem pretendo passar (leveza), descobrir minha paleta ideal de cores e meu biotipo (ampulheta – ombros e quadris proporcionais e cintura marcada) começamos a montar os looks a partir da nova premissa “elegância”. Por incrível que pareça, não foi difícil compreender como obter maior harmonia.

Os dois scarpins, que comprei recentemente, foram aprovados pela Lize, que irá me acompanhar às compras (serviço que faz parte do pacote) para adquirir mais um sapato, agora, na cor branca. Já as sapatilhas com bordas arredondadas (estilo romântico/esportivo), que adoro, deverão, aos poucos, serem substituídas pelo modelo com o bico mais fino, que são mais sofisticados.

Uma coisa que aprendi: valorizar o branco, uma cor que até então menosprezei completamente. As mais marcantes, como preto e vermelho, que sempre priorizei, terei de usar com moderação, pois pesam o visual e eu não quero parecer a Mortícia Addams (apesar de adorar esse personagem!).

Além disso, cores fortes/quentes/vibrantes destacam o tom avermelhado do meu rosto (pele fria-verão) e as linhas de expressão, ou seja, me envelhecem, argumento suficiente para me fazer trocar por tons mais neutros e pastéis. Óbvio que continuarei usando o preto ou vermelho, no entanto, sempre com um blazer (o ideal para Cuiabá é o modelo 3/4) ou uma camisa branca (ou em tons claros) por cima.

Foi interessante observar a impressão que cada “look” gerava ao trocar as peças e fazer novas combinações. Impossível não perceber com quais roupas eu ficava mais bonita e como isso impactaria na imagem presencial ou por fotos.

O que mais quero é que minha imagem se pareça comigo, com a minha essência

Aproveitamos quase tudo. Algumas peças seguem para ajuste na costureira (os punhos dos blazers, por exemplo, precisam ficar na altura do punho para não parecer desleixo) e outras serão doadas e/ou trocadas nos brechós.

Como o biotipo ampulheta tem cintura fina, preciso ficar sempre atenta para comprar calças de cós alto (acima do umbigo) e as saias também devem ficar posicionadas nesta altura.

Já as camisas ficam melhores se estiverem mais justas na cintura (posso usar cintos para marcar também). Outra coisa que já havia percebido nas fotos: a blusa deve ficar dentro da calça, porque gera a impressão de “mais magra”.

Não costumo investir muito em acessórios, como bolsas, bijuterias, cintos ou lenços, sou impaciente, acelerada, parece que não tenho tempo para essas coisas (risos), mas a Lize vai me ensinar nas próximas semanas como fazer isso de maneira prática, elegante e minimalista. Nada de parecer uma árvore de Natal, Rosimeire, diz uma voz interior escarnecendo o novo visual.

Ainda vamos passar por vários processos até o mês de julho, como reaprender a comprar (escolher peças básicas) e ter os acessórios certos, fazer a automaquiagem (também faz parte do pacote) a partir da paleta de cores ideal pra mim, ajustar o corte e a cor dos cabelos (com ênfase em leveza) e por último uma sessão de fotos com os melhores looks.

Sempre fui uma pessoa vaidosa, mas após ser mãe e começar a trabalhar, isso aos 21 anos, nunca mais cuidei muito de mim. Então, prestes a completar 44 anos, finalmente consegui me recolocar no centro da minha vida, claro que isso exigiu um longo processo de autoconhecimento e muita terapia.

A Lize brincou ontem comigo que ainda temos muito a fazer, eu devolvi que vai ser um prazer continuar trilhando a estrada do autoamor, do autocuidado e da elegância, palavra que não fazia parte do meu vocabulário até outro dia.

O que mais quero é que minha imagem se pareça comigo, com a minha essência. Não é parecer uma mulher poderosa e bem-sucedida, mas realmente  ser, sem perder a simplicidade natural de quem cresceu no interior e vem de uma família humilde.

Talvez a frase de Leonardo Da Vinci exemplifique qual a principal meta para os próximos anos: “a simplicidade é o grau mais alto da sofisticação”. Não se engane, só se consegue isso com muito esforço.

Rose Domingues é jornalista, escritora no RD Comunicação e escreve exclusivamente nesta coluna às segundas-feiras. E-mail: [email protected]

Este artigo foi publicado no site RD News no dia 27/06/22. Segue o link:

https://www.rdnews.com.br/colunistas/rose-domingues/como-funciona-a-consultoria-de-imagem/161036